sexta-feira, 2 de abril de 2010

Suplementos alimentares, que benefícios?

Já todos reparámos que o mercado está repleto de boas ideias terapêuticas para tratar os nossos pequenos males... Há suplementos alimentares para quase todo o tipo de necessidades e recomendam--se quase sem restrições. Afinal, o que valem estes pequenos grandes remédios?

O nosso organismo vive cada segundo em busca de um equilíbrio químico que lhe permita fazer face às solicitações diárias. A terapêutica ortomolecular procura acertar as moléculas do nosso corpo, através do uso de substâncias e elementos naturais, como vitaminas, minerais e aminoácidos. Estes elementos, além de proporcionarem um reequilíbrio bioquímico, combatem os radicais livres.

Mas por que razão o organismo se desequilibra?

«O nosso organismo é uma máquina que está permanentemente em transformação. Durante este processo podem surgir falhas, quer seja na chegada de matéria-prima (vitaminas, minerais, enzimas, etc.), quer seja na própria integração de todo e qualquer sistema que compõe a máquina. Estes sistemas devem trabalhar de forma harmoniosa, como uma engrenagem», explica o homeopata clássico Dr. João Corrêa Novaes, do Consultório de Homeopatia Clássica, em Tercena.

Estas engrenagens são os sistemas: neuro-endócrino, psíquico e imunológico. Qualquer falha em algum ponto ou mecanismo desta máquina (ser humano) compromete toda a produção (vida), surgindo as disfunções (doenças).

É muito fácil perceber como o nosso corpo funciona. Segundo exemplifica o especialista, «uma pessoa deprimida tem mais hipóteses de apresentar infecções recorrentes, já que uma falha no sistema psíquico leva, consequentemente, a alterações no sistema imune. Outro factor importante na génese de várias enfermidades, como artrite e cancro, é a formação de radicais livres».

O organismo utiliza cerca de 98 a 99% do oxigénio que consome para produzir energia. A pequena parcela que sobra (1 a 2%) não participa do processo, formando as espécies tóxicas reactivas do oxigénio – os radicais livres. Estes correspondem a átomos ou grupos de átomos com um electrão não emparelhado na sua órbita mais externa, sendo, portanto, muito reactivos, pois, para recuperar o equilíbrio, precisam «doar» o electrão desemparelhado.

Desta forma, combinam avidamente com as várias estruturas celulares do corpo, o que resulta em destruição e, consequentemente, em enfermidades, designadamente o cancro, a osteoartrite, o lúpus, o enfisema e algumas doenças cardiovasculares. E o homem está permanentemente submetido a condições que levam ao excesso de radicais livres como, por exemplo, o stress, o tabaco, a poluição e exposições prolongadas ao sol, entre outras.

A utilização de suplementos alimentares que, como vitaminas, minerais e enzimas, ajudam a neutralizar os efeitos tóxicos, proporcionam uma melhor qualidade de vida.

«Muitos destes suplementos vão actuar não por acção ponderal ou por reposição de carências mas, sim, por uma acção de retorno à homeostase (equilíbrio) dos sistemas catalíticos ou enzimáticos nos quais esses minerais estão envolvidos. Esta terapêutica abre um novo campo de possibilidades no tratamento dos nossos pacientes, que é o tratamento efectivo das doenças funcionais», refere João Corrêa Novaes.

Quem precisa deles e como actuam?

Os hábitos alimentares ocidentalizados são pouco ricos em legumes, frutos e cereais variados. Para além disso, os cereais são quase sempre refinados, os frutos frequentemente fora de época e submetidos a frigorífico e longas viagens, muitas vezes amadurecidos artificialmente.

Comemos quase todos os alimentos ricos em vitaminas e oligoelementos cozidos, desperdiçando a riqueza do alimento fresco, cru, que mantém a integridade das vitaminas e dos oligoelementos. A industrialização dos alimentos apresenta-nos produtos alimentares já preparados contendo os aditivos (conservantes, corantes, reguladores de acidez, aromatizantes) que reagem com os elementos vitais, transformando a sua estrutura química. Também para se conservarem os alimentos sofrem, muitas vezes, processos de aquecimento ou congelamento sendo assim desvitalizados. Muitos frutos e legumes sofrem, ainda, processos de irradiação por raios gama, o que permite uma conservação mais longa. As modernas técnicas agrícolas, que utilizam meios artificiais e químicos para fazer crescer e amadurecer mais rapidamente os alimentos, e também a utilização de pesticidas e herbicidas químicos mata as bactérias dos solos que sintetizam as vitaminas e os oligoelementos e asseguram a nutrição das plantas, empobrecendo os solos.

O consumo exagerado de frutos e legumes exóticos fornecem nutrientes inapropriados às nossas condições de vida, pois são adaptados ao transporte e amadurecimento precoce. Assim, certos tipos de comportamento, hábitos alimentares e selecção desses mesmos alimentos também conduzem a uma falta de oligoelementos.

Servem de exemplo o trabalho em excesso, o stress, o hábito de fumar e de consumir bebidas alcoólicas, um ritmo de vida desfasado dos ritmos biológicos (que deveriam ser regulados pelo nascer e o pôr-do-sol), uma má assimilação dos alimentos devido às refeições irregulares, demasiado numerosas e copiosas. «O café, as drogas e os medicamentos dão uma sensação de bem--estar apenas passageira, podendo ser substituídos por oligoelementos. Por exemplo, o açúcar consumido, que aumenta provisoriamente a taxa de glucose no sangue, poderá ser substituído por cobre, manganês e crómio, que irão favorecer o controlo de glicemia pelo fígado e pelo pâncreas», exemplifica o homeopata.

Depois há fases de maior necessidade de suplementos que outras: os anos de “rápido crescimento”, durante a gravidez e aleitamento, nos períodos de stress e na terceira idade, o organismo requer vitaminas e oligoelementos particulares e em maior quantidade. Nestes casos, aconselham-se vivamente os suplementos.

«Também os períodos menstruais, a prática de desportos desgastantes e uma actividade física ou intelectual intensa carecem de um aporte adicional destes elementos», reforça o nosso entrevistado.


Sem efeitos secundários

No fundo, o papel destes suplementos alimentares é o de activar, «catalisar» todas as funções e as trocas biológicas que se realizam no organismo vivo.

«Os principais catalisadores biológicos são as enzimas. Estudando as condições da sua actividade, assim como da sua inactividade, podemos ver a sua dependência dos minerais, os bloqueios que têm constantemente nas suas funções e os impulsos por estes catalisadores: os oligoelementos de que são compostos a maioria dos suplementos alimentares», esclarece João Corrêa Novaes, prosseguindo: «A toma destes suplementos alimentares, que funcionam como catalisadores, não prejudica o ponto de equilíbrio, nem modifica os componentes de uma reacção e actua em pequenas quantidades, aumentando muito a velocidade de reacção e diminuindo o custo de energia da mesma.»

Recuperando a terminação da reacção, o catalisador pode, em doses muito pequenas, acelerar a velocidade de numerosos ciclos de reacções sucessivas. Sem o catalisador estas reacções, seguramente, não se podiam realizar, ou, por outro lado, só se conseguiam com um gasto maior de energia e de tempo. A oligoterapia – o tratamento com poucos elementos que restituem vida e saúde aos diversos tecidos – «pode ajudar bastante em casos de afecções agudas, crónicas ou repetitivas, pois trata a sintomatologia e o terreno. Além disso, estes suplementos dão uma série de garantias essenciais: são totalmente tóxicos e sem nenhum tipo de contra-indicações (salvaguardando casos de gravidez e aleitamento, em que estes suplementos deverão ser recomendados pelo médico assistente)», defende o especialista.

Ao contrário dos fármacos, os suplementos alimentares permitem a sua utilização durante longos períodos de tempo sem criar hábito e sem efeitos secundários.

«Podem ser utilizados por pessoas debilitadas ou em estado carencial e está descartado o risco de potencializar outros medicamentos, risco permanente depois da prescrição de substâncias sintéticas», compara João Corrêa Novaes.


Fonte: Medicina & Saúde