terça-feira, 30 de março de 2010

Destrua a raiva com suor...

Todos nós já tivemos um dia de raiva. Uma explosão de fúria mais agressiva. Mas quando esta irritabilidade se torna um padrão de comportamento diário, especialistas concordam que é preciso agir. Cerre os dentes e… comece a treinar.





Instabilidade emocional, alterações de humor, irritabilidade, ansiedade, solidão, depressão. Indivíduos impulsivos, vulneráveis, em tensão excessiva. Os factores referidos são alguns dos que interferem no quotidiano do indivíduo ao nível pessoal, relacional, social e profissional, causando mal-estar e sofrimento. São problemas de saúde mental que podem ter uma abordagem terapêutica baseada na adopção de estilos de vida saudáveis. O grande desafio é a gestão dos factores e a escolha de actividades adequadas para a sua diminuição.



Como é que o exercício ajuda a controlar a raiva?

A prática de exercício físico é um dos procedimentos favoráveis à qualidade de vida, diminuindo os níveis de stresse e aperfeiçoando a dificuldade no controlo de impulsos. Um estudo publicado em Novembro na revista científica Pediatric Exercise Science revela que os adolescentes com excesso de peso podem beneficiar de um programa de exercício físico regular. Após uma investigação de 15 semanas, a psicóloga responsável – que acredita que o mesmo efeito possa ser semelhante em adultos – considera o exercício aeróbio como uma estratégia eficaz para reduzir a expressão da raiva e o comportamento agressivo.

As emoções negativas como a raiva estão relacionadas com sentimentos de frustração e stresse, e o exercício físico é um óptimo remédio contra eles. Ao aumentar o nível de hormonas (endorfinas), o exercício melhorar o humor, aumenta a auto-estima e a disposição. Trinta minutos de exercício de intensidade moderada, pelo menos cinco vezes por semana, podem melhorar o seu bem-estar psicológico e ajudar a controlar a raiva. Para produzir estes efeitos, certifique-se de que a actividade que pratica aumenta o ritmo respiratório, o batimento cardíaco e a temperatura corporal.


Que actividade escolher?

Se não praticar exercício há algum tempo, é preferível começar com supervisão – um personal trainer, um treinador, um técnico da área do exercício físico. A modalidade escolhida, assim como a frequência e duração do exercício deverão ser prescritos por um profissional de Medicina do Exercício e da Psicologia que, após várias avaliações psicológicas, terá capacidade para identificar:

- Factores de risco físicos associados;

- Nível motivacional do indivíduo, para evitar desistência;

- Adequação da modalidade à personalidade do indivíduo;

- Nível de socialização, para determinar se a melhor actividade será individual ou em grupo.

Aulas de grupo, aeróbica, capoeira são mais indicados a indivíduos extrovertidos. Indivíduos introvertidos podem sentir-se melhor na prática de musculação, yoga, Pilates, tai chi ou meditação. Nadar, andar de bicicleta ou dançar são exercícios que proporcionam uma componente lúdica; as caminhadas permitem uma ligação com a natureza e os desportos de grupo podem ajudar a criar novas amizades. Sempre que o profissional de saúde detecte que o indivíduo pretende uma actividade específica não compatível com as suas características e necessidades deverá tentar sensibilizá-lo, esclarecê-lo e orientá-lo para os benefícios em mudar de modalidade, tendo por objectivo a prevenção de recaídas. A adequação do exercício às necessidades e características de cada pessoa aumentam a flexibilidade (condição essencial para a mudança do comportamento) e reduzem as alterações de humor.

A sensibilização para a importância do exercício físico, o desenvolvimento de estilos de vida saudáveis e as práticas comportamentais ajustadas ao controlo da raiva, são a melhor forma de promover a auto-estima, motivação e imagem corporal. São por isso procedimentos prioritários para a diminuição do desajustamento emocional e aumento da qualidade dos relacionamentos interpessoais. Alívio e melhor gestão do stresse e da tensão são também objectivos frequentemente alcançados.

 
Raiva crónica: o que pode provocar no seu organismo?


– Doença cardíaca.

– Cancro.

– AVCs.

– Constipações e gripes.

– Depressão.

Outros estudos

- Função pulmonar. Estudo publicado em Agosto no jornal Thorax revela que “os homens com maiores níveis de hostilidade medidos mostraram um maior declínio de função pulmonar ao longo do tempo”

- Colesterol. As pessoas mais nervosas e mais propensas a explosões de raiva apresentam níveis de colesterol mais elevados no sangue, provavelmente devido ao aumento da adrenalina.

- Processo de cura. De acordo com um estudo publicado em Fevereiro na revista especializada Brain Behaviour and Immunity, o stresse provocado pela raiva tem um impacto directo na velocidade com que o organismo se restabelece.

Algumas dicas para lidar com a raiva

- Conte até 10 antes de agir.

Dê tempo ao pensamento racional e escolha uma atitude construtiva e não agressiva.

- Baixe os ombros e respire fundo.

Relaxe. Reverta a mensagem que o instinto está a dar ao seu corpo: em vez de reagir, acalme-se.

- Alivie a tensão.

A raiva enche-nos de energia. Experimente bater numa almofada ou escolher um espaço fechado e gritar.

- Afaste-se.

Bater em retirada pode ser um sinal de inteligência: afaste-se física e emocionalmente de uma situação que o(a) deixa com raiva.

- Distraia-se.

Ler uma revista, ir dar um passeio, ouvir música, tomar um banho.

- Seja paciente e ouça.

Não tome as discussões como confrontações pessoais. Não há nada errado em pessoas diferentes terem opiniões diferentes.



Fonte: British Association of Anger Management ; Mental Health Foundation