Os nutricionistas recomendam 2 refeições de peixe semanais. É a melhor estratégia para aumentar o consumo de ómega 3, essencial ao organismo.
Aquele que ficou conhecido como o paradoxo esquimó retrata uma comunidade de esquimós Inuit que registava taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) extremamente baixas, quando comparadas com as de outros povos do norte da Europa, e um elevado consumo de gordura proveniente do peixe.
Actualmente, embora reconhecida publicamente a relação entre Ómega 3 e saúde, nomeadamente cardiovascular, estes ácidos gordos continuam a ser ingeridos em quantidades insuficientes. Os especialistas americanos apontam uma percentagem de 60% da população deficiente em Ómega 3. E, de acordo com o Congresso “Prevenção Alimentar das DCV”, organizado em Maio pela Lactogal, a carência também se manifesta em Portugal, “onde consumimos uma maior quantidade de Ómega 6 (frutos secos, vegetais e azeite) do que Ómega 3, dado os hábitos alimentares de confecção fácil”, como registou o médico especialista em medicina interna Paulo Reis Pina.
Este equilíbrio deve ser preservado, alertam os especialistas. Andrew Weil, professor clínico de medicina interno e director do programa de medicina integrada especifica, afirma num artigo que a desproporção destes nutrientes “pode aumentar os riscos de DCV, cancro e inflamações”.
Ómega 3 – uma família saudável
Acção sobre o coração e inflamações
Entre os elementos mais conhecidos da família Ómega 3, destaca-se o EPA (ácido eicosapentaenóico), relacionado com efeitos cardioprotectores, e o DHA (ácido docosahexaenóico), apontado como benéfico no sistema nervoso. Um estudo desenvolvido na Universidade de Kuopio, na Finlândia, e publicado em Maio de 2001 nos Archives of General Psychiatry, conclui que o consumo regular de peixe reduz o risco de depressão e suicídio. A mesma publicação oferece um artigo de um especialista da Universidade de Berlim, “Omega 3 fatty acids: the missing link?”, onde se lê que a relação entre depressão e morte súbita pode estar algures na carência em Ómega 3 que potencia ambos os estados.
Uma investigação mais recente, realizada por investigadores suíços e publicada em Abril deste ano nos Archives of Internal Medicine, revela ainda que estes ácidos gordos essenciais reduzem de forma mais drástica os riscos de morte cardíaca do que os medicamentos conhecidos como estatinas. Os estudos atribuem-lhe ainda acções positivas em processos inflamatórios (estudos sugerem 3g diárias de Ómega 3 no alívio de sintomas de doenças como artrite reumatóide), prevenção de arritmias, tromboses (2), diminuição dos níveis de triglicéridos (3) e efeito anti-agregante (diminuindo a adesão de células, como plaquetas, cujo ajuntamento propicia a formação de placa de gordura conducente à aterosclerose).
Alternativas: Cápsulas e Alimentos
A fraca ingestão de peixe, especialmente pelas camadas mais jovens da sociedade, aliado às grandes probabilidades deste estar contaminado com mercúrio, conduz-nos a outras alternativas para aumentar o consumo de Ómega 3. Através da suplementação em cápsulas, em forma de líquido (que pode ser adicionado a saladas ou batidos) ou mediante alimentos enriquecidos, manteiga e leite, (já disponibilizados no mercado por marcas como Becel, Mimosa e Parmalat).
Quem não toma?
Andrew Weil alerta que, dado o efeito anti-agregante dos Ómega 3, estes não devem ser consumidos por pessoas que apresentem hemorragias fáceis ou sofram de hipertensão descontrolada. A mesma advertência é dirigida a quem se submete frequentemente a operações. Relativamente a quem toma anticoagulantes, entende o especialista de Harvard, o consumo destes suplementos deve submeter-se a supervisão médica.
Recomendações Ómega 3
População:
-Pessoas sem Doença Cardiovascular documentada
Recomendação:
Comer uma variedade de peixes (principalmente gordos) pelos menos 2 vezes por semana; incluir óleos e alimentos ricos em ácido a-linolénico (nozes, óleo de soja, óleo de linhaça e canola)
População:
-Pessoas com Doença Cardiovascular documentada
Recomendação:
1g EPA+DHA por dia, de preferência de peixes gordos; suplementos podem ser considerados sob conselho de técnico de saúde
População:
-Pessoas que precisam de baixar os níveis de triglicéridos
Recomendação:
2 a 4g de EPA+DHA por dia, em suplementos aconselhados por técnico de saúde
Fonte: American Heart Association